Direção de Mauro Bolognini, 1962
Roteiro de Goffredo Parise, Tullio Pinelli & Mauro Bolognini
Foto (p/b) de Armando Nannuzzi
Música de Piero Piccioni
Elenco: Anthony Franciosa, Claudia Cardinale, Philippe Leroy, Betsy Blair, Raimondo Magni,
Nadia Marlowa, Franca Mazzoni, John Stacy.
Cardinale & Franciosa: uma paixão "impura" num dos melhores trabalhos de Mauro Bolognini no seu auge.
Trieste, anos 20. Um funcionário público solteirão, Emilio (Anthony Franciosa), inexperiente no amor, conhece e se apaixona perdidamente por Angiolina (Claudia Cardinale), linda jovem pobre
que ele idealiza como pura e honesta. Em encontros fugazes, que vão se tornando mais freqüentes,
esse amor respeitoso passa a ganhar o aspecto de uma obsessão, enquanto Emilio vai aos poucos se
decepcionando com o comportamento duvidoso da moça, ambígua e dissimulada, com uma relação
de conveniência com um senhor idoso e segredos acerca de si mesma. Os comentários ouvidos acerca da vida irregular de Angiolina o perturbam, sem que ele consiga pensar em perdê-la e chegando até mesmo a assumi-la como sua amante. No apartamento modesto que divide com a irmã mais velha,
Amalia (Betsy Blair), igualmente solitária e reprimida, costuma receber as visitas joviais de seu
amigo Stefano (Philippe Leroy), formado nas Belas Artes, que também o alerta quanto à coqueteria suspeita de Angiolina, a quem gostaria de ter como modelo qualquer dia. Ocorre que Emilio se vê obrigado a dispensar a presença do amigo em casa, ao notar a paixonite insegura da irmã por Stefano.
Perplexo e magoado, Emilio descobre uma escultura óbvia no ateliê do amigo.
O agravamento da saúde da irmã desiludida, com o consumo abusivo de éter a conduz à morte, o que
talvez coincida com uma retomada de consciência de Emilio e seu rompimento com a amante, constatando ele que Angiolina consentiu em posar nua para Stefano.
Realizado em pleno Renascimento do cinema italiano - que curiosamente produzia, então, o pior (as
fantasias com halterofilistas) e, na certa, o melhor em filmes - "Senilità" dá continuidade à carreira vitoriosa de Bolognini no início da década de 60. Dela constam títulos como "A Longa Noite de Loucuras", sua obra-prima "O Belo Antônio" (ambos de 1959, quando se salientou como relevante cineasta), "Um Dia de Enlouquecer" (1960) e este impressivo e tocante "Desejo que Atormenta", com talvez as melhores interpretações de Franciosa (intenso, mas contido em seus excessos, já que simboliza a acomodação burguesa) e de Claudia Cardinale (bela sempre, misteriosa e sedutora) até hoje..
Betsy Blair, a sensível "namorada feia" de "Marty", dá conta de seu papel difícil com sabedoria e Philippe Leroy convence bastante como Stefano. Locações autênticas em Trieste captadas pela brilhante fotografia de Armando Nannuzzi e trajes e detalhes de época a cargo do mestre Piero Tosì. Impecável lançamento em DVD da Cult Classic.
Realmente, belissimo filme, forte, interpretações marcantes dos quatro (Franciosa, Cardinale, Blair, Leroy), fotografia soberba, e uma Triste enevoada, sombria.
ResponderExcluirRealmente, belissimo filme, forte, interpretações marcantes dos quatro (Franciosa, Cardinale, Blair, Leroy), fotografia soberba, e uma Triste enevoada, sombria.
ResponderExcluir