segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

"A FACE DO OUTRO"

    O monstro e o médico (Tatsuya Nakadai & Eiji Okada) na concepção do talentoso Hiroshi Teshigahara.

    (Tanin no Kao)

    Direção de Hiroshi Teshigahara, 1966.

    Elenco: Tatsuya Nakadai, Eiji Okada, Eiko Muramatsu, Machiko Kyo, Etsuko Ichihara

    Bela ficção do cinema japonês, do realizador da então nouvelle-vague de lá e do inesquecível
    "A Mulher da Areia". Seu protagonista é o excelente Tatsuya Nakadai, descoberto por Akira
    Kurosawa ("Yojimbo", "Sanjuro") e orientado por este a substituir Toshiro Mifune quando da
    sentida separação de ambos após "O Barba-Ruiva" (1965), destacando-se em "Kagemusha" 
    e "Ran". Vítima de um acidente que o desfigurou. Nakadai procura um jovem psiquiatra (Eiji 
    Okada) que agora se dedica a minimizar os traumas de seus pacientes com enxertos sintéticos
    de membros danificados. Mas o caso de Nakadai é mais delicado - ele precisa de um rosto,
    para reconquistar a mulher (Machiko Kyo, de "Rashomon") e sua sólida posição social. Uma vez
    tentada com êxito uma máscara perfeita e usada com cuidado, a incomodidade de sua        
    preservação e as angústias do paciente quanto à sua identidade o conduzem a uma nova e mais 
    séria crise.
    Muitos se lembram de filmes como o americano "O Segundo Rosto" (também de 1966), de John
    Frankenheimer, ou mesmo do notável grand guignol francês "Os Olhos Sem Rosto" (1960), de
    Georges Franju, para discutir o tema da individualidade que Teshigahara coloca com inteligência,
    domínio cinematográfico e muita propriedade autoral. Dá margem, inclusive, para o ingresso de
    outros personagens - a esposa ardilosamente seduzida com a utilização da máscara, o casal de
    irmãos que cede ao impulso incestuoso - sem perder o prumo.

3 comentários:

  1. Assisti com minha bela e voluntariosa Darla. Ela, só pra contrariar, não gostou muito, hehehe. Talvez um dia se resolva a postar o seu parecer. Mas eu gostei muito, faz da ficção científica um caminho para explorar psicologicamente o âmago dos que vivem uma crise. No caso do personagem principal de identidade e o Tatsuya Nakadai está perfeito. Estou em débito com o diretor Teshigahara, não conheço A Mulher da Areia (vou ver se o pego em DVD). Seria bom tambem para fazer justiça ao Eiji Okada, que conheço de Hiroshima e que é o ator principal de A Mulher na Areia, mas que neste filme tem muito menos a fazer como o médico criador da máscara. A foto em preto e branco eu tambem destaco como um dos alicerces deste filme questionador e muito inteligente. Nota 10.

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  2. O Céu está me "tirando" aqui porque muita coisa ele não entendeu e eu tive que lhe explicar ! Mas é meu apaixonante AMOR e sabe muito bem quando me vingo... Sinceramente eu gosto do filme, mas sem tanto entusiasmo. A ele falta "pathos", a tragédia do personagem está muito diluída pela ficção e as questões dele com o médico no bar são repetidas e enfadonhas, mas os artistas estão bem convincentes. Adorei a parte da mulher do infeliz, bem fria e calculista, é ótima a atriz que a faz.

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  3. Não vi com esse casal enjoado, é UM FILMÃO que curti muito sozinho ! Não percam que é uma obra mestra do cinema japonês. Ao Lafa um abraço e obrigado pelo contato. Espero que esteja tudo OK contigo.

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