terça-feira, 23 de dezembro de 2014

"A CASA SINISTRA"


    (The Old Dark House)
    Direção de James Whale, 1932
    Roteiro de R.C. Sherriff & Ben W. Levy, com base em "Benighted" de J.B. Priestley
    Foto (p/b) de Arthur Edeson
    Elenco: Melvyn Douglas, Raymond Massey, Gloria Stuart, Charles Laughton, Lillian Bond, Boris                    Karloff, Ernest Thesiger, Eva Moore, Brember Wills, Elspeth Dudgeon.

    Um arrepio de medo ou um sorriso maroto ?  Esta realização do versátil James Whale - tanto podia assinar a primeira "A Ponte de Waterloo" e o musical "Magnólia" (Show Boat) como "Frankenstein"
ou "O Homem Invisível" - nos oferece tais opções.  Adapta com brilho sardônico  um original de J.B. Priestley e é entretenimento sombrio dos bons, recebido com frieza  por público e crítica em sua estréia. Hoje é merecidamente cultuado como clássico. Nada como o tempo para ajustar as coisas.
Colhidos por violento temporal nas estradas do país de Gales, um casal (Raymond Massey & Gloria Stuart) com um amigo de carona (Melvyn Douglas), e o par formado por um viúvo rico (Charles Laughton) e uma alegre corista (Lillian Bond) conseguem abrigar-se numa velha casa. Mas que gente mais louca a ocupa! Um idoso efeminado (Ernest Thesiger), sua irmã surda de fervor religioso fanático (Eva Moore) e um assustador mordomo (Boris Karloff), que, dizem, é um perigo quando bebe... Para completar, há mistérios na residência, aos poucos descobertos pelos visitantes - as presenças escondidas do acamado proprietário de 102 anos (feito por uma mulher, Elspeth Dudgeon,
mas creditado como "John" Dudgeon) e seu filho piromaníaco (Brember Wills), irmão dos dois outros antes citados. As tensões aumentam quando o mordomo, após servir o jantar, se refugia na cozinha e "entorna" o que pode, ameaçando a jovem e bonita senhora casada.







O mordomo embriagado (Karloff) apavora a bela Gloria Stuart (longe de ser a velhinha de "Titanic")

Num duelo verbal entre cavalheiros, o galante "carona" dissuade o viúvo endinheirado a ter alguma posse sobre a simpática corista e os dois se enamoram. Mas o velho incendiário está solto, disposto a
por fogo na casa, é preciso confiá-lo ao truculento mordomo... Um elenco de excelentes intérpretes (ingleses como o diretor Whale) dá conta dos variados personagens sem perder o "timing" alucinado
das situações, assinalando-se a estréia algo discreta de Charles Laughton em Hollywood e a participação menor, mas não menos impressiva (é o primeiro nome dos créditos) do grande Boris Karloff, vindo do sucesso de "Frankenstein".

2 comentários:

  1. Assino embaixo, concordando com o texto. Engraçado que sempre ouvia falar deste filme, presente em muitas listas de clássicos do terror, e por isso tinha uma impressão errada sobre ele, pois na verdade é um filme com muito humor, cheio de loucuras e ironias, mas ainda assim consegue criar um bom clima fantasmagórico. Filme importantíssimo para o gênero, influenciador do velho esquema do grupo de pessoas que se isolam em uma casa esquisita, sem falar com uma "família" pra lá de bizarra. A direção de Whale como sempre é de qualidade, e mantém um bom clima perturbador com uso de sons e sombras. Mas o filme tem muito de humor negro, que chega a soar absurdo as vezes, como nos bizarros comportamentos dos personagens, o que contribui para um resultado diferente e ousado, ainda mais considerando-se a época.

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  2. Valeu, Rick, e concordo ! Em muitos itens é avançado para a sua época, até no erotismo sem cerimônias e selvagem (via Karloff-Gloria Stuart, que graça ela foi !). Para mim foi uma surpresa e um grande presente, visto perto do Natal... "Jingle bells/ Jingle bells..." para você que adora isso ! =D

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