terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

"DE SALTO ALTO"

    O trio afiado de Almodóvar - Abril, Bosé & Paredes: individualidades complexas em confronto.

(Tacones Lejanos)
Direção e roteiro de Pedro Almodóvar, 1991 
Foto (cores) de Alfredo F. Mayo
Música de Ryüichi Sakamoto

Elenco: Victoria Abril, Marisa Paredes, Miguel Bosè, Féodor Atkine, Míriam Díaz Aroca, Ana
Lizarín, Cristina Marcos, Nacho Martínez, Bibi Andersen, Javier Bardem.

Um dos mais brilhantes filmes do imprevisível Almodóvar, talvez mesmo o seu melhor. Louco e injusto como a própria vida, é um misto de melodrama e tragicomédia criminal com engenhosa trama. O confronto de mãe e filha pequena que se separam por cerca de 15 anos quando a mãe (Marisa Paredes), cantora conhecida, abandona tudo em Madrid para se tornar uma estrela de Cinema no México. A filha (Victoria Abril quando cresce) é o produto da perda cedo do pai e do padrasto e do amor não correspondido pela vaidade da mãe estrela. Que a encontra mal casada com um safado ex-amante (Féodor Atkine), surgindo daí o assassinato deste. Quem fora a autora do crime é o que investiga o jovem comissário de polícia (Miguel Bosé, filho da atriz Lucia e do famoso toureiro Dominguín), mas que, para se virar, mantém três identidades diferentes, incluindo um transformista especializado no antigo repertório da cantora. Almodóvar se refere com carinho ao Bergman de "Sonata de Outono"- a filha desprezada pelo egoísmo da mãe - mas vai mais longe com humor negro e um retrato psicológico tocante de duas mulheres diferentemente infelizes, magnificamente desempenhadas por Victoria Abril e Marisa Paredes. Um belo filme do espanhol, aqui mais contido em suas extravagâncias de personalidade e que inaugura sua fase mais autoral e mais séria, sem perder   eventualmente seu humor surreal.

Poster mais raro e mais bonito de "De Salto Alto":