sexta-feira, 31 de outubro de 2014

"AQUELE CASO MALDITO"

    O inspetor-chefe (Pietro Germi) interroga a aflita jovem ex-criada (Claudia Cardinale) da vítima.

(Un Maledetto Imbroglio)

Direção de PIETRO GERMI

Roteiro de Pietro Germi e outros

Música de Carlo Rustichelli

Foto (p & b) de Leonida Barboni

Elenco: Pietro Germi, Claudia Cardinale, Claudio Gora, Franco Fabrizi, Eleonora Rossi Drago, Saro
              Urzì, Nino Castelnuovo, Cristina Gajoni.

Confusão num distrito policial italiano. Um assalto à casa de homossexual idoso é seguido de outro, agravado pelo assassinato de senhora casada (Eleonora Rossi Drago), estando seu marido (Claudio Gora) ausente. Inúmeras pistas e vários suspeitos - o noivo (Nino Castelnuovo) da criadinha da casa, (Claudia Cardinale), o próprio marido da madame, seu discutível "primo" malandrão (Franco Fabrizi), et al. - perturbam o íntegro inspetor-chefe (Pietro Germi) e seus auxiliares, com uma única
e inevitável solução.
Tiro certeiro do cineasta Pietro Germi no gênero "detective story" consagrado pelos americanos, mas
aqui ganhando um sabor peninsular. Germi, entretanto, com o sucesso de "Divórcio à Italiana"(1962)
se dedicaria a comédias satíricas de costumes ("Seduzida e Abandonada", "Alfredo, Alfredo"), todas a meu ver inferiores a este filme impecável. É a Itália na transição do néo-realismo para a trama burguesa moderna o que ao filme interessa mostrar. Com esplêndida música de Carlo Rustichelli (inserindo uma linda canção sua,"Sinnò me Moro", como tema cantado da personagem de Claudia Cardinale, além de um belo comentário dramático), sensível preto-e-branco de Leonida Barboni e Germi dominando sua técnica à perfeição, alinha-se um elenco harmonioso. Nele se salientam o ótimo Claudio Gora, uma Eleonora Rossi Drago pela primeira vez caracterizada de mulher mais velha, Franco Fabrizi, sempre à vontade em tipos cínicos e amorais, e um divertido Saro Urzì no veterano ajudante do inspetor. Muito bom e simpático nesse papel, Germi logo a seguir representaria um equivalente em "O Batom", curiosa estréia de Damiano Damiani como diretor. Final emocionante, com Cardinale correndo atrás do carro de polícia, envolvida em poeira e sendo deixada aos poucos pela câmera e pela dolência de "Sinnò me Moro".


quinta-feira, 30 de outubro de 2014

CRITIQUINHAS... (2)


O SALÁRIO DO MEDO (Le Salaire de la Peur), Henri Georges Clouzot, 1953. Quem pensa que o único suspense do cineasta francês Henri Georges Clouzot é o memorável "As Diabólicas" se engana. Dois anos antes ele surpreendia com o noir diferenciado deste thriller empolgante. Em paisagem primitiva da América do Sul, paraíso de foras-da-lei e contraventores de diversas espécies, quatro homens são designados por ordens americanas do transporte de nitroglicerina a outra região
de atividade petrolífera. São eles dois franceses (Yves Montand e o mais idoso Charles Vanel), um italiano gordo de bons músculos (Folco Lulli) e um alemão meio antipático (como sabe ser Peter van Eyck), viajando em dois caminhões. A arriscadíssima missão apresenta dificuldades e obstáculos vários, que os homens enfrentam por uma polpuda soma em dinheiro, com trágicas conseqüências.
Não promete muito o início, retratando os atrasados costumes do local exótico (músicas, danças e outros aspectos selvagens) ou o apego romântico-sensual de uma empregada branca (Vera Clouzot, mulher do diretor) por Montand. Mas o filme logo se levanta com o início da tarefa dos quatro e daí para frente é só adrenalina e suor na testa, com brilhante condução de Clouzot e excelentes desempenhos de Vanel, Lulli e do herói Montand. Vera Clouzot, ainda imatura (iria revelar-se em "As Diabólicas"), detém um papel fraco, embora esteja visualmente mais agradável. O filme é considerado com justiça um clássico do cinema francês e, muitos anos depois, Hollywood providenciou-lhe um remake dirigido por William Friedkin, provavelmente bem inferior.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

CRITIQUINHAS A TOQUE DE CAIXA

Amigos, a dissolução do Orkut atordoou a todos os seus membros restantes (e que nem eram tão poucos assim). Eu, por exemplo, me ausentei do meu próprio blog, buscando uma alternativa. Outros fizeram sua transferência para as demais redes sociais, concorrendo para a lamentável separação de amigos e grupos. Mantive o blog para os que quisessem ainda se comunicar comigo, mas como me ausentei, isso também não funcionou muito bem e eu entendo. Destaco aqui a sugestão do membro/ seguidor/ bom camarada Anthero Luiz para uma tarefa um tanto mais leve para mim no momento - um pequeno resumo dos filmes que venho assistindo ultimamente. Assim, abraço a idéia do Anthero
como se abraçasse a ele próprio e vamos que vamos, obrigado.

A ALDEIA DOS AMALDIÇOADOS (The Village of the Damned), Wolf Rilla, 1960. Misteriosa ocorrência num pequeno povoado mantém desacordada por horas a população. Quando todos despertam, algo mais estranho ainda - as mulheres locais estão grávidas ! Trata-se de uma invasão alienígena, onde crianças de outro mundo, com inteligência e percepção agudíssimas, desafiam um maduro professor (George Sanders) a destruí-las. Ressalte-se a interpretação do pequeno Martin Stephens (o garoto de "Os Inocentes") em outro papel marcante. Direção correta de Wolf Rilla e boa chance para o veterano George Sanders. Com Barbara Shelley na esposa do professor e mãe a contragosto do líder Stephens. Um bom e sofisticado filme de terror/ ficção.

    Martin Stephens (primeira fila, à extrema direita) e sua turminha de fedelhos mal intencionados.